sábado, 30 de junho de 2012

POEMA SONHO DELIRANTE

    

SONHO DELIRANTE

Sonhos deslumbrantes
É algo que amiúde me acontece
São reluzentes como diamantes
Certa noite sonhei, parecia ver passar um filme
Passavam anjos brilhantes
Seguidos de vestais
Depois mulheres belas
Bonitas como italianas, nada mais
O filme avançava, parecia em várias telas
Cenas de fino humor e pudor
Apareciam nelas
Encantado deveras
Com as cenas singelas
Como se vivesse quimeras
É muito meu
O mundo visto nessas esferas
Os meus sonhos onde não conto pesadelos
Sempre têm origem no que me aconteceu noutras eras
Apenas dos bons lances, os menos bons
Fora de quimeras
Nunca entram
Nunca são parte dos meus sonhos deslumbrantes
Acordei, os meus pensamentos se concentraram
Voltei a adormecer o filme voltou ao sonho
Em tecnicolor, coisa boa
Afinal as figuras já em epílogo
Eram bonitas mulheres a abraçar Lisboa

Daniel Costa

terça-feira, 26 de junho de 2012

MADRUGADAS DE LISBOA


MADRUGADAS
DE LISBOA

A vida para ser aventura
É autêntico e íntimo segredo
Segredo e aventura, que perdura
Anos sessenta
Do campo não ficou saudade
Em Lisboa desembarquei
Iniciava a fazer parte da cidade
Aventura com que sempre sonhei
Nas Portas de Santo Antão comecei
Como aprendiz então
Vais à Avenida da Liberdade:
Ordenou o patrão!...
Liberdade, queria,
Onde ficava a Avenida, não sabia
Depressa disse:
Absorveste rápido o que ensinei
Aprendeste, é assim a vida!
Ficas com a chave
Vais trabalhar na “Ginjinha Avenida”
Junto ao Parque Mayer
Mesmo edifício do “Café Lisboa”
Folgas, na semana, um dia
O mesmo que te reservei
Mais, cem paus acrescentarei
Para folgares e entrar
Às dez da noite de Quarta
Fechas às duas do dia seguinte
Regressava, feliz Avenida abaixo
Depois Rua do Benformoso
Passava o chafariz
A seguir
A íngreme Calçada do Monte subia
Largo da Graça e Rua de Santo António
Travessa da Bela Vista, onde vivia
Perto das cinco do outro dia
Por vezes, a porta abria
Na madrugada, a Avenida descia
Nos Restauradores
Trabalhadoras nocturnas de esquinas
Viam-me como se fora freguês indigente
Encontrava-as bamboleantes, traquinas
Ignoravam-me, de repente
Porém, deviam conhecer-me
Ora as meninas!...

Daniel Costa

domingo, 24 de junho de 2012

POEMA LIDERAR

                             


POEMA LIDERAR

Diria o lisboeta alfacinha
Há lideranças, puros gestos de vaidade
Em que a prosápia é a rainha
Porem há lideranças de criatividade
Essas são sempre bem aceites
Seguida e a gerar certa a produtividade
Assim é exemplar simples sem anexos ou enfeites
A pedagoga Ma Socorro, com tranquilidade
No longínquo departamento brasileiro do Piauí
Na Marcolândia sua adorada cidade
Tudo contorna com a sua real, diga-se intelectual
Versátil e simples forma de sagacidade
Tanto actua na escolaridade do ensino
Como no desporto escolar com bondade
Escreve e publica bela poesia a sós
Torna-a agradável, usando sensualidade de verdade
Do mesmo jeito, acamarada em parcerias
Com variedade
Com parcimónia
A quem Ma Socorro dispensa amizade
Tendo sido distinguida no agreste noroeste
Pode ser aferida a sua capacidade
Por distinções da sua escola
Da própria edilidade
Da interessante Marcolândia
Amada cidade

Daniel  Costa

domingo, 17 de junho de 2012

POEMA SONHO LOUCO


SONHO LOUCO

Num sonho louco
Guerreiros da história
A todos recordei um pouco
Neros, Napoleões
Também a escória
Vem depois à memória
Viriatos e Sertórios
Mais os bravos navegadores
Esses lusitanos
Ao traçarem novo mundo
Deram volta à história
Os seus feitos anotados
Em versos cantados
Por muitos de pena armados
Vem depois um épico
Chamado Luís Vaz de Camões
Viajando por China e Índias
Numa gigantesca epopeia
Diz ter sido mordido por sereia
Gravou em letra doirada
Indelével e eternamente
O nome da Pátria amada
Pobre feneceu
Evocado em estátuas de bronze
Em eternos pedestais
Parece sempre dizer
Portugueses:
- Aqui estou eu!

Daniel Costa

sexta-feira, 15 de junho de 2012

POEMA LEALDADE TRANSPARENTE


                               


AMIZADE TRANSPARENTE

Manter uma amizade decente
Aquilo a que com propriedade
Se pode chamar de amizade transparente
Revela-se em todas as ocasiões
Quer o dito amigo se encontre numa trajectória reluzente
Ainda que se encontre periclitante
Quiçá se note fragilmente doente
Nas mais variadas circunstâncias da vida
É amizade transparente
Haverá, variados tipos de amizade
Convém estar atento
Bastantes eivadas de maldade
Convém estar atentos ao rifão:
“Se queres ver o vilão se pavonear
Põe-lhe o chicote na mão”
Com as amizades sejamos coerentes
Umas duram uma vida
Podemos dizer amizades transparentes
Outras enquanto convém
Amigos cuja amizade é esperar a procissão passar
Quando convém, adeus amizade!...
Desejam é para a frente saltar
Amizades de boas e a aliciantes maneiras
Aliciantes como a de Judas
De boas aparências, passam a falsas e altaneiras
Sejamos decentes
Amizades verdadeiras são como diamantes
Amizade transparente
Ajudemos a construir um mundo
Que se sinta se possa sentir reluzente

Daniel Costa


quinta-feira, 14 de junho de 2012

POEMA EMOÇÕES FORTES


EMOÇÕES FORTES

Podem advir de desnortes
De amores e paixões
De tudo podem resultar emoções fortes
Também da procura de realizações
De boas palavras ouvidas
De tudo um pouco emoções
As que referem o nosso tentar
Resultam em emoções fortes
Emoções que apresentam o mundo como que a pairar
Nunca de desnortes
Esses serão crónicos
Resultado: emoções fortes
As verdadeiras, a deixar-nos os olhos tortos
Ao contrário, outras serão apenas emoção
A fazer reflectir e pensar
À flor de pele, a comoção
No pensamento a íntima promessa:
De sempre procurar amar o mundo com paixão
Sempre lutaremos
Com o coração a arder de emoção
A tentar que o que pensam do nós
Seja de justiça e razão
Emoções fortes
Sempre na senda
De boas brisas e bons nortes
Emoções ternas a justificar
Emoções fortes

Daniel Costa

terça-feira, 12 de junho de 2012

POEMA ESPIAR

Miriam Pielhau Celebrity Wallpaper

ESPIAR

Ainda vivo sonhado,
Que cada cidadão
Será um espião
Vou tomar cautela
Com a espionagem
Essa aragem
Que chega a qualquer ponto
Até num encontro
Com a donzela
Não se dá por ela
Mas pode ser arvela
A dar a espiadela
Servindo o patrão
Com vista à solução
De sanar mazela.
A espiadela é palavra mansa
É capa de insignificância
De qualquer ordenança
Que satisfaz vingança
Mesmo sem esperar herdar
Assento naquele lugar
Outro o irá alcançar
Manda-o espiar
E para o recompensar
Põe outro no seu lugar
Mas serei eu espião
Pela simples razão
De ser cidadão?
Oh! Mundo trapalhão!...

Daniel Costa


sábado, 9 de junho de 2012

POEMA NINGÉM


POEMA NINGUÉM

Não se desdenhe de quem se julga alguém
Ouvir e fazer uso do espírito crítico de benevolência
Em virtude de sabermos não sermos ninguém
Fazer que o mundo não avance sem nós é ciência
Quanto mais este avança
Mais sobressai a carência
Ainda que havendo milhões a lutar
A lutar com decência
Estão sempre a aparecer paspalhões
Postados sem nada fazer, nada valer
Parecem algo como de um universo de burlões
De um suposto mundo
De um ignorado mundo de milhões
A gritar bem alto aqui estou eu!... Sou alguém
Há atrasados mentais a quem dá jeito acreditar
No “sobrenatural”, eu: ninguém
O seguem-no como se viera de um cometa
Pouco lhes importa o desdém
Se podem nada fazer!...
Senão esperar a sua vez de dizer: sou alguém!
Quem sabe tudo, somos nós todos
Faço parte da engrenagem do mundo de aquém
Apenas o que julgo saber
Julgo saber bem que viajo na esfera do além
Enquanto acredito e medito
Sou ninguém!...
Ninguém!...
Ninguém!...

Daniel costa