O NAMORO DE JOAQUIM JOSÉ DA
SILVA
(conto)
Em 1961 tinha rebentado a
guerra de guerrilha, em África então dita portuguesa, porque algumas parcelas compunham
o domínio Colonial de Portugal. Na altura já havia uma grande mobilização de mancebos
para a Guerra de África.
Acontece que as estruturas
ainda iam sendo criadas. Como resultado, algumas unidades entretanto
aprontadas, tinham de ser adidas, a outras unidades esperando embarque, rumo à
Guerra.
Foi assim que ainda em 1961,
estavam duas companhias, cerca de 750 homens em Faro, capital do Algarve.
Quase no início, a
determinada altura, a velha farda cinzenta, fui substituída por farda camuflada,
mais adequada aos terrenos largamente de matas.
Porém a nova farda conferia
galhardia aos soldados, homens na adolescente flor da vida.
Tanto era assim que, quase
cada soldado, havia-os de todo o país, teria conquistado a sua namorada, ou Madrinha
de Guerra, que depois “subiria de posto”, ou seja a namorada.
Mas nestas coisas há sempre
sofismas, como se vai ver:
Militar de Cavalaria, o
Gregório, das bandas de Viseu, encetou namoro com uma empregada doméstica, a
Marília, que andava encantada, mas aquele dera-lhe o nome e número diferentes
dos dele.
Embora mobilizados e ali
adidos, a determinada altura, dera-se a perda da Índia e o Assalto ao quartel
de Beja, mercê do que toda a tropa entrou de prevenção, situação em que os
portões do quartel estavam fechados e era vedado aos soldados saírem.
É então que a Marília escreve
ao namorado, com as referências que este lhe tinha dado.
Como sempre o correio,
destinado aos elementos da companhia, era entregue na secretaria, na hora do
almoço, com os soldados em formatura, o mesmo era distribuído pelo Sargento de
Dia, tudo bem:
- Até que, a determinada
altura, é gritado; António Manuel da Silva, 1269!...
Gregório apresenta-se a
receber a carta e ouve do Furriel, Sargento de Dia, alto aí, tu não és 1269. Bem
o Gregório la explicou o porquê, e aquele a rir, lá entregou a carta.
O namoro terá continuado, ate
que um dia à noite, toda a tropa adida. Embarcou na Estação Ferroviária da Capital
do Algarve, com esta apinhada de gente para a despedida. Decerto a Marília
também lá estaria, mas ali perderia o rasto do Gregório.
Porém, Gregório um bom companheiro,
veio a ser o primeiro da companhia, a morrer em operação militar.
Já então, numa operação,
tinha protagonizado um episódio, deveras digno de ser fixado:
- Nessa; havia sido
aprisionado um guerrilheiro de 15 anos, que nas mãos da tropa desata a gritar:
a tropa estragou a minha vida!...
Ao lado vinha ele Gregório,
este ainda levantou uma catana, para o degolar, porém o militar Comandante da
Operação, teve tempo de o impedir.
Daniel Costa