O TEDDY BOY
“O Teddy Boy tem botões de
latão / Só lhe falta o boné para ser guarda portão”!
Nos anos cinquenta, do
século XX, foi muito popular a figura de “Tedd Boy”, que os grupos musicais,
dedicados ao Rock and Roll, iam imortalizando.
Os “Teddy Boys”, faziam
parte da adolescência, da sociedade urbana das grandes urbes
É nesse contexto, que esta
história se insere:
- Era eu empregado de
balcão, num pequeno bar onde, a partir das 10.00 horas da noite, ficava sozinho
a trabalhar.
Certo dia apareceu um cliente
a querer parecer um desses “Teddy Boys” ou “alfacinha de gema”, como eram
também então, apelidados certos elementos da adolescente juventude da cidade de
Lisboa.
O cliente de aspecto altivo,
moreno, de fisionomia incaracterística, diria com cerca de trinta anos. Embora
se apresentasse, a crer passar como estando na onda dos “Teddy Boys”.
Parecia, no entanto, pouco
urbano, para pertencer e esse movimento.
Como cliente, mostrou pouco
à vontade, o que em nada era condizente, com esse grupo.
Vestido a rigor de fato e engravatado,
foi fazendo conversa e a certa altura, dizendo ser oficial miliciano, em que
baseava a sua credibilidade, pediu-emprestados 70$00, porque tinha combinado
uma ceia, com uma miúda com quem se ia encontrar e estava, sem dinheiro para o
efeito.
Logicamente, como resposta
recebeu a nega, não havia tal importância, disse, como desculpa; razoável
desculpa, talvez a já esperada.
Porque a seguir, voltando a
invocar a qualidade de oficial miliciano como garantia, seguiu sugerindo
retirar a importância da caixa registadora.
Claro que nem pensar numa
coisa dessas. Não era por acaso que o patrão me considerava, a ponto de ter
passado e me ter deixado só, como sempre o fazia, sendo eu que, sempre cerrava
o estabelecimento.
Nessa hora, já a Avenida
estava deserta e eu pensei no pior e o pior seria um assalto.
Preparei-me, afivelado um ar
de respeito que exibi, ao mesmo tempo que estava disposto a enfrentar qualquer
tentativa de golpe.
Mas tudo ficou, naquele
exacto ponto, em pouco o “Teddy Boy”, arredou pé e terá ido bater a outra
porta.
Daniel Costa
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