quarta-feira, 18 de abril de 2012

POEMA CURRICULO

                                                                                               

CURRICULO
Para subir na sociedade
Cheguei a perito em anúncios
A própria modéstia constrangia-me
Seria um princípio, a tenra idade?
De facto, continuo sendo modesto
Floresceu da minha condição
Há por outro lado a hipertensão
Esta esvoaçava, soltava-se o gesto
Ficava outro, talvez eu
Empolgava-me, falava
Sem falar de mim, dizia o que convinha
O emprego era meu
Curriculo até tinha
Provei-o sempre
Para continuar a subir
Só entrava noutra linha
Novo, trabalho, novo sucesso
Até que um dia, um convite
Um engano, uma insensatez
Seria progresso?
Sem trabalho não podia
Num suspiro fundo
Uma pequena pausa
Ténue paragem de um dia
Enfim o curriculo até valia
Creio que julgaram mal
Os que vieram depois
Além de curriculo
Não estava ali um pão sem sal
Encarnava a infinita bondade
Podia ter espalhado dúvidas
Fazendo certas revelações
De espantar a máxima autoridade
Não àquele antro clerical
Sem interferências, viria a acabar
O previsível deu-se
A mentira publicitária
Não terá sido o menor mal

Daniel Costa

Sem comentários:

Enviar um comentário